Monday 13 July 2009

O último post

Relembrando do primeiro, onde com certeza eu era muito diferente, com pretensões diferentes...
Fui muito feliz, mas também muito triste... fui assaltada, trabalhei de graça, passei perrengue, frio, sofri com meu ombro, tive cólicas sozinha, fiquei gripada. Fiquei sozinha...
Fiquei muito triste, mas também fui muito feliz... conheci Paris, vi o Tom Cruise, toquei na fanfarra oficial de Londres. dancei no palco, aprendi falar, ler e sobreviver em inglês - e até o mínimo em francês, olha só!
Cresci me sentindo pequenininha... visitei museus, monumentos, parques, estradas, trens, mares. Senti o céu mais baixo, pertinho de mim.
Chorei... Chorei de emoção, chorei de alegria, de medo, de saudade.
Senti a dor da decepção. A dor nova do amadurecimento, da perda e da verdade. Solucei de chorar na verdade...
Enxuguei estas lágrimas com um sorriso. O sorriso da companhia doce de amigos, do apoio incondicional de amigos que nem imaginava que teria. O sorriso novo do amadurecimento, do ganho e da verdade. Gargalhei de rir na verdade...
Ri. Ah como eu ri! Incontrolavelmente. E claro que eu fiz xixi na calça de tanto rir!
Engordei, emagreci, apostei e perdi... Comi coisas novas, novas marcas, sabores, coisas que no Brasil não poderia comprar, mas que em pounds se tornavam acessíveis e viciantes, como Nutella, Haagen-Dazs, Starbucks diários, brioches, bagels, cheese-cakes, trifles do Tesco... E voltei quase com o mesmo peso.
Cortei meu próprio cabelo, fiz franja e pintei. Fiquei sem fazer a unha e desesperada por isso... Descobri que nem tinha tanta importância assim ficar sem fazer a unha. Mas eu afinei minha sobrancelha, e minha mãe quis me matar por isso!
Trabalhei muito, tive vários empregos ao mesmo tempo. Entreguei sanduíche no frio, fui garçonete de restaurante chique, também num café de um turco maluco, de garçonete em eventos mil, toda uniformizada, fui panfleteira, me vesti de boneco de ar, usei chapéu, camisa, gravata borboleta. Carregava 4 pratos de uma só vez, muito habilidosa tirava 3 pints ao mesmo tempo, sem excesso de colarinho. Fui uma elfo no Natal. Fui durante todo este tempo bartender no pub que mais me ensinou, não só a carregar os pratos, tirar as pints, limpar as prateleiras ou a entender os mais diferentes sotaques, palavras e termos. Foi no pub onde eu aprendi que este trabalho tem seu valor, sua diversão, suas vantagens. E que eu não preciso viver para o trabalho.
Cheguei menina em Londres, saí mulher de Londres. Aprendi coisas novas, toques novos, cheiros novos. Descobri que a Alice não conhecia nenhum inglês que a fizesse parar de respirar...
Fiz uma pós-graduação em Londres. Mas eu descobri que tinha na verdade aprendido mais na faculdade e no mercado, aqui no Brasil, e aprendi a dar mais valor a isso.
Aprendi a ser desapegada. Dei minhas coisas, refiz meu guarda-roupa com menos da metade dos ítens. Saí de pijama e pantufa na rua. Não penteei o cabelo. Mas mesmo assim, aprendi a cuidar mais de mim. Corri, ouvi música, fiz carinho na minha alma, passei creme hidratante de corpo, mãos e lábios todos os dias.
Quando eu resolvi viajar, imaginava minha volta completamente diferente, em outras circunstâncias, com outras pessoas, de outra forma, com outro futuro. Hoje, com tudo caminhando em diferentes caminhos, com minha cabeça e coração entrando em acordo finalmente eu lembro de alguns de meus pensamentos há exato 1 ano. "Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba...". Tudo mudou, eu mudei, minha vida, minha casa, meus amigos mudaram. E eu quero seguir no mesmo rumo das mudanças pra ver aonde chego.
Se eu sou mais feliz? Sim e não. Muito cedo pra pensar nisso... Mas eu me sinto maior, melhor, mais bonita, mais culta, muito mais Chucru!
Tudo isso em apenas 11 meses...11!

1 comment:

Sheyna A. A. said...

Lendo seu relato me encontro em vários momentos, em diferentes situações, é claro. Aqui eu vivo de bico. As pessoas entram e saem do BR, não só vc, muitas outras que conheço, entram e saem dos empregos, e eu aiiinda estou procurando. Mas vivi coisas do começo do ano pra cá, e não só, mas esse ano sinto melhor as mudanças... sofrer a gente até sofre sim, mas pq amadurecer dói. Encarar as mudanças. A gente ainda, que somos muito moleconas, gostamos de brincar, bagunçar, viajar, gostamos de ser ousadas, mas temos uma certa ingenuidade, quer queira, quer não... ou então seria falta de malícia, em relação à outras pessoas...
Mas me identifico em muitos trechos.
A parte das roupas sei dizer direitinho omo é aprender o desapego. Cuidarmos de nós mesmas tb, aprendi a passar mais cremes, maquiagem, cabelo, embora tenha descambado mais nos últimos dias. Mas o melhor de todos, pra mim, foi parar de roer unhas! Nasci fazendo isso e não via meios de parar...
Pra vc ver como a vida, as coisas, nós mesmos, nos surpreendem/emos!
Gostei de ler, Mi!
Bola pra frente e arrasante, sempre!